Maio, mês de alerta do câncer bucal

Maio é o mês destinado a conscientizar a população sobre o câncer de boca. O tumor é agressivo, impacta na vida do paciente por atingir estruturas da boca, céu e língua e a sua evolução é rápida. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que, a cada ano, ocorram no País aproximadamente 15 mil novos casos desse tumor. Os homens correspondem a mais de 11 mil casos; e as mulheres, a aproximadamente quatro mil casos ao ano.

O total de mortes ao ano, ainda de acordo com o Inca, é superior a 6.600 ao ano (5.100 entre os homens; e 1.500 entre as mulheres). No Paraná, o número chega a quase mil casos anuais. O diagnóstico precoce é considerado essencial, pois permite a cura de 95% dos tumores em fase inicial, de acordo com o Dr. Gustavo Smaniotto, radioterapeuta do Instituto Radion.

O câncer bucal é muito frequente entre tabagistas. Dados da Associação Brasileira de Odontologia (ABO) comprovam que 90% das pessoas acometidas pela doença fumam. O tabagismo é considerado como uma doença, que pode inclusive ser tratada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A Organização Mundial da Saúde (OMS) determina que, oferecer ajuda para que uma pessoa largue o cigarro, é um componente essencial de promoção de melhor qualidade de vida da população.

Existem duas formas para parar de fumar: a parada imediata (que deve ser sempre a primeira opção, quando o paciente escolhe a data e, neste dia, larga o cigarro); e a gradual (com a redução no número de cigarros, sempre reduzindo o vício por completo). Todos os estados brasileiros contam com serviços próprios para o tratamento de quem tem interesse em largar o tabagismo. No Paraná, o programa é coordenado pela Secretaria de Estado da Saúde. O e-mail para contato é controletabagismo@sesa.pr.gov.br

Outros fatores de risco
O Dr. Gustavo alerta que o consumo exagerado de álcool é outro importante fator de risco ao câncer bucal. Dados da Organização Pan-Americana de Saúde comprovam que o Brasil segue como o segundo país das américas com mais casos (24,8%), apenas atrás dos Estados Unidos (36,9%).

A exposição excessiva ao sol e a ocorrência do Papiloma Vírus Humano (HPV), além de traumas persistentes, tais como próteses mal adaptadas, também são fatores de risco. Na maioria dos casos, as infecções virais permanecem indetectáveis e se resolvem sozinhas, sem complicações. Mesmo sendo menos comum, especialistas consideram importante informar que há conexão entre um tipo específico de HPV no desenvolvimento de câncer bucal.

Sintomas
Os principais sinais e sintomas que podem ser indicativos do câncer de boca são úlceras que não cicatrizam por mais de duas semanas, manchas brancas, avermelhadas ou pretas, perda de peso, sensação de dormência, caroços, sangramentos, dificuldades para mastigar e engolir e rouquidão.

Estudos comprovam que 90% dos cânceres da cavidade oral e da orofaringe são carcinomas de células escamosas. Esses tumores começam nas células planas, que normalmente formam o revestimento da boca e da garganta.

Prevenção e diagnóstico
A adoção de hábitos de vida saudáveis, a alimentação adequada, a correta higienização bucal e a visita periódica ao dentista e ao cirurgião de cabeça e pescoço são importantes fatores de prevenção e de diagnóstico precoce. Durante a consulta, o especialista realiza o exame clínico, bem como exames de imagem, tais como a tomografia computadorizada.

O diagnóstico precoce do câncer bucal é considerado de extrema importância, pois nos tumores iniciais propicia a cura de até 90% dos casos. Quando a doença se encontra em fases mais avançadas, a sobrevida cai para 45 a 50% dos casos, alerta o Dr. Gustavo.

Tratamento
O tratamento de eleição para o câncer bucal é o cirúrgico, especialmente nos chamados tumores em estágio inicial. Após a cirurgia, explica o Dr. Gustavo, é feita uma avaliação anatomopatológica do tumor. Dependendo do resultado do exame o especialista decide se haverá a necesidade de tratamento complementar, com quimioterapia e radioterapia pós-operatória. Já nos estágios avançados da doença, é o tratamento é feito pela quimioterapia e pela radioterapia computadorizada tridimensional.

O paciente contrai alterações definitivas nos seus dentes e na saliva. Muitas vezes durante o tratamento há necessidade de utilizar sonda nasogástrica ou gastrostomia para o paciente se alimentar e não ficar desnutrido ou desidratado. Para minimizar esses efeitos são empregadas técnicas avançadas de controle de radiação, tais como o VMAT, presente na rotina do Radion, de acordo com o Dr. Gustavo. Ele explica que, com essa técnica, “é possível diminuir os efeitos colaterais do tratamento e fornecer dose radical ao tumor; o paciente tem menor efeito do tratamento”, esclarece.